10.11.2013

In Memoriam: empty chairs at empty tables


Ninguém sabe até sentir. Uma pessoa a menos. Cada um sente diferente. A minha visão tem cores diferentes. Os mesmos móveis e cantos da casa tem formatos diferentes. Eu sei que estás melhor agora. Bem melhor, eu espero. Todos aqueles livros serviram pra me ensinar o que estás vendo agora. Que bom, não tens mais o peso desse mundo. Estás leve, leve.

Estivesses comigo a minha vida toda mas eu só conheci quem tu eras de verdade nestes últimos meses. É estranho, não consigo me lembrar de um momento sem a tua existência no mundo (nascestes antes de mim e cronologicamente logicamente antes da minha mãe que nasceu de ti). E agora? É estranho não estares aqui, a tua inexistência nos cômodos. Quando eu abri a janela ontem, eu vi o horizonte laranja, vermelho pegando fogo e se apagando na montanha. Eu sorri e logo pedi desculpas por poder ver isso e tu não poderes. Mas quem sou eu pra dizer que não estavas vendo isso?

Fico feliz de ter tido tempo de te conhecer melhor. O que nós fizemos uns pelos outros aqui nesta casa nos últimos seis meses só nós sabemos. Só eu e os outros três mosqueteiros sabem. Quando o sol forte bateu em ti e não tinhas como sair porque já estavas deitada descansando forever, Athos nem titubeou, ele bloqueou o sol insistente com o próprio corpo. Ele só faz isso pra quem é mosqueteiro também. Sem querer, sem forçar, naturalmente, ganhasse a capa, a espada e o chapéu. Talvez a roupa tivesse ficado um pouco larga, o chapéu meio torto e não sabias usar a espada. Mas Aramis iria ajustar a capa pra ti, não precisavas te preocupar. Porthos ia achar importante te ensinar a usar a espada mas só quando tivesses melhor de saúde (quando Porthos quer, tem paciência).

Se a gente tiver outra chance, e eu tenho certeza que a gente tem, eu juro que vou tentar mais. Desculpe por não saber que aquela era a última vez. Eu deveria ter olhado, sorrido, largado a xícara, levantado, abraçado, confortado. O meu consolo é que eu enxuguei aquela lágrima que ninguém viu. Eu desejei que toda a dor se esvaísse naquela hora. Eu tenho certeza que em questão de minutos, vieram te buscar. Espero que tenhas visto quem tu amas no outro lado e que eles tenham te abraçado do jeito que eu deveria ter te abraçado tantas vezes. Aramis sente muito a tua falta, ela não diz com frequência, mas eu e os outros mosqueteiros sabemos.

Mas o que me deixa feliz é que a empty chair, empty table, empty bed, empty room estão empty agora mas a conscience, soul e heart estão longe de estar empty. Graças a esse tempo juntos, eles agora estão full, bursting. 

Eu já vou dormir, grandma, boa noite.   

Ketlyn Mara Rosa

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