10.02.2009

porto

um lugar de passagem porto deixo meu corpo ser um porto aposto que pensou no oposto me importa deixar um gosto marcar minha falta de tato em seu rosto posto que é chama porto deixa meu corpo vai porto longas velas brancas em reencontro porto sobrenome lusitano porto um lugar de passagem
encontro
ponto


.: oberDan Piantino
poema da série superfícies permeáveis - exercício poético de imersão espacial na superfície da linguagem. grato a Manoel bandeira pela dica de tirar os pontos e seguir em uma única linha. Repercussão do contato com a família porto. por parte de mãe e pela vontade de abraços, sou porto.

4 comentários:

MCris disse...

oberdan,

uma delícia como os olhos passeiam pelo seu poema, imitando o movimento do barco na água. repouso com ginga.

quem precisa de âncora?

MCris disse...

por outro lado,

um impulso (empuxo?), uma quase violência

contrasta com a suavidade triste do fado

criando uma sensualidade desconcertante

(ah, o balanço das ondas...)

que se resolve (como sempre) num encontro

***

estou realmente impressionada!

Dan Oberdan Piantino disse...

sim, o fado. Para mim a música que melhor expressa o que praticamente só em português (ouvi dizer) pode se expressar pela palavra saudade.
Sua leitura me seduz a ler...
Alguém se despede no porto. Os mesmos braços esticados em adeus permanecem estendidos para o abraço do reencontro.
Me fez ver nessa suavidade violenta de quem deixa partir, para aproveitar o voltar, que falo de nossos reencontros MCris, o porto aqui espera ansioso.

marcio markendorf disse...

MCris traduziu bem a sensação provocada no leitor desse texto. Da primeira vez que eu li senti algo assim: balançando, meio nauseante.