7.30.2009

carta do leitor






dear writer
,

por que não aceitam imagens como comentários aos textos publicados nesse jornal de circulação duvidosa? onde está a liberdade de expressão nesse veículo de imprensa que a ninguém mais impressiona? e de que funcionam as palavras "tão bem colocadas" debaixo de imagens "tão bem recortadas" em cadernos "tão bem dobrados", se efetivamente não há posição crítica por parte dos colunistas? e que mania é essa de colocar termos entre aspas? a quem serve esse narcisismo da auto-exposição do que "pode ser, como pode não ser"? onde está a voz dos que perderam (se realmente perderam alguma coisa)? e por que tantos consideram-se destinatários de colocações que nada nomeiam, que nada dizem? desde quando o jornalismo se transformou na simples articulação do maior número de frases de efeito o possível? a ideia é vender? é uma máquina de colar palavras o que se esconde no parque gráfico da editora? faz tudo parte da conspiração? quando afinal encontrarei uma afirmação clara, direta e lúcida no caderno de política? e o horóscopo, por que nunca encaixa com a data certa? afinal de contas, por que minha carta não será publicada com meu nome? é pra isso que serve toda essa estrutura covarde, para fazer do meu grito de guerra, literatura?

.: oberdanpiantino
(21ª das cartas de edward para hopper, proposta literária em constante mutação. imagem: tela branca esquecida pelo pintor em sua casa de veraneio).

2 comentários:

marcio markendorf disse...

difícil definir de-o-que é tua escrita. talvez isso nem importe. não quero estabelecer filiações inúteis. só preciso dizer que a tarefa de virar o jogo, inverter o discurso, perverter o sistema já é algo bem teu. provocador.inclusive na referência à imagem usada. "é uma máquina de colar palavras o que se esconde no parque gráfico da editora?" - que imagem linda.

Dan Oberdan Piantino disse...

acho que geralmente aceito entrar em jogos que praticamente não posso ganhar. Jogo em desvantagem e minha única saída é tentar virar o jogo, correndo o risco de ser expulso. Essa dificuldade de definição, não tem me impedido de posicionar cada texto em um momento de proposta, de obra de arte mesmo (por mais que meus sentimentos tb estejam em jogo). Aí cabe ao leitor me contradizer e, nisso, treinar contradizer toda forma de estrutura. Fico curisoso para ouvir falar de possíveis filiações para meus textos, falemos disso. Leio pouco, mas sou terrívelmente influenciado pelas vozes que ficam marcadas por algumas leituras e pela capacidade de algumas obras mudarem todo o meu universo de percepção, de afetaram minha máquina de colar palavras.