8.15.2010

uns sonhos


atravessei a floresta sem olhar pra trás. talvez visse meu pai, minha mãe, minha amante, meu desejo. por medo, não olhei. pensei porém no que podia acontecer se eu olhasse. seria pego pelas minhas mentiras esquecidas? lembrado dos traumas mais terríveis de minha infância? veria a pele ferver por um amor ainda vivo que ignorara? o que sentiria meu corpo móvel e vacilante? ouviria os ruídos da serra que partiu minha vida em fragmentos indecisos? de tanto pensar em respostas de perguntas impossíveis, já havia perdido meu rumo, pego o caminho errado; os olhos buscando tolamente algum sonho idiota.

à visão só me restaria a fronte.

.:gabriel resende santos
imagem: reprodução de autor anônimo

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