10.17.2009

a historia secreta da outra historia infame

certa manhã,
depois de acordar de sonhos inquietos,
margot viu-se transformada em uma barata de 60 anos*.

começou a tomar gingko biloba.

.:marcio markendorf
para a natureza desta historia você pode assinalar:
a) microconto da série de histórias infames.
b) literatura de cunho besta.
c) por que o autor não se mata?
d) um pé de couve pode chegar ao teto de uma casa residencial, desde que bem tratado.

deixando claro que a escolha desta ou daquela alternativa não alterará em nada o curso desta história [vide caio fernando abreu, a verdadeira historia de sally can dance and the kids ou a verdadeira estoria]

*obviamente a referência aqui é a música da cultura universal, uma barata chamada kafka, de inimigos do rei, da qual transcrevo um trecho:

Encontrei uma barata na cozinha
Eu olhei prá ela
Ela olhou prá mim
Ofereci a ela
Um pedaço de pudim
O curioso foi que ela...
Ela disse: Sim!Vem cá ficar comigo


neste texto o escritor invisível passa a fazer uso das poucas informações que coleta do leitor [também invisível] e instaura um jogo literário minimamente interativo [e debochado].

4 comentários:

MCris disse...

para uma barata chegar aos 60, só tomando gingko biloba...

camila f. disse...

opção C :P
ainda bem que hoje nada estraga o meu bom humor!
......e como vc sabe que eu acordei de sonhos inquietos?!

marcio markendorf disse...

margot, dear,
a brincadeira que fiz é com as primeiras linhas do livro 'a metamorfose', de franz kafka, que começa exatamente assim:

certa manhã, depois de acordar de sonhos inquietos, gregor samsa viu-se transformado em um enorme inseto.

sorry.

Margot disse...

Dear ghostwriter,

"Os sonhos de um homem doente se distinguem freqüentemente por um relevo inusual, pela expressividade e uma excepcional semelhança com a realidade. Às vezes forma-se um quadro monstruoso, mas o clima e todo o processo de toda representação chegam a ser aí tão verossímeis e cheios de detalhes sutis, que surpreendem, mas correspondem artisticamente a toda plenitude do quadro, que não podem ser inventados na realiade por esse mesmo sonhador, ainda que ele seja um artista como Puchkin ou Turguiêniev. Tais sonhos, doentios sonhos, sempre ficam por muito tempo na nossa memória e produzem forte impressão sobre o organismo perturbado e já excitado do homem" - DOSTOIÉVSKI, Crime e Castigo.
Retrocedendo um pouco eu chego a essas palavas aí de cima. Eram esses os sonhos inquietos de Margot, antes de se transformar na barata de 60 anos. 63, pode ser?! É mais...preciso.
O que você acha de começar a escrever microcontos pseudo-biográficos da minha pessoa do presente para o futuro?! Assim, toda vez que eu me sentir perdida venho aqui e recupero o fio da meada exatamente do lugar onde parei. E a gente sonha que isso ajuda a sair do labirinto.

ps: eu entendi a brincadeira e conheço as referências, sorry se pareci rude.