'i will vanish'- foi o único pensamento que lembro de ter tido no último quarto de hora. estou me desmanchando e provavelmente vai ser agora. fechei os olhos por quatro segundo e caminhei na escuridão avermelhada do sol a pino. abracadáver. abracadáver. tira alguma coisa da cartola, prestidigitador, que eu me afundo na fantasia, juro, juro que acredito em tudo que fizer neste exato momento. abri os olhos e queria a fantasia novamente. queria o sentido da civilização novamente, não queria sentir meu corpo dissolvendo pelo asfalto pegajoso e pelos pedestres anônimos que cruzam meu caminho. ah, mundo, mundo, vasto mundo, devastado e mudo está meu coração. eu não queria te dizer, mas este vazio me desbota nas calçadas da capital suburbana. este vazio enigmático não suportaria nem o diabo. 'i will vanish', então.
o trecho anterior é retirado da autobiografia mental de juliano adrian pouco antes do seu desaparecimento nas ruas da cidade de florianópolis. de acordo com testemunhas, o acontecimento inexplicável deu-se em questão de segundos. 'ele estava ali, vindo em minha direção, depois não estava mais' - declarou uma senhora, de presumíveis 65 anos de idade, que não quis ser identificada. como o evento deu-se próximo ao centro espírita do bairro, religiosos kardecistas aguardam a possibilidade de uma possível mensagem psicografada. a príncipio ninguém soube informar como foi coletada a autobiografia mental do desaparecido.
5.07.2009
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