3.24.2009

1a epistola aos interditos - alvejaram Lorca

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Quiero llorar porque me da la gana

como lloran los niños del último banco,
porque yo no soy un hombre, ni un poeta, ni una hoja,
pero sí un pulso herido que sonda las cosas del otro lado.
Federico García Lorca

cariño,

sinto o gosto de cada um dos estilhaços
marcarem de púrpura meu rosto.
o impacto é súbito e os cortes simultâneos,
mas sinto o gosto de cada centelha sua
neste milésimo que agora conto e canto.

estou no campo e as cercas nos fazem rebanho.
eu não fui julgado,
os fuzis não me são estranhos,
respiro uma estrela na lapela.

estou em frente à imagem sua,
forjada do calor dos fornos e terra cinza,
enquanto se sustenta na ameaça de disparo,
embebida em carne nua,
a marreta trêmula que o golpe avista.

o impacto da marreta me enrubesce a face
e não é beijo o que sinto.
falta-me corpo, já não existo,
a lei dos campos dilacerou a imagem.


ps.: hoy recibí en el mar una carta de amigos.

.: oberdan piantino
florianópolis, 23 de março de 2009.
(carta escrita após leitura de "poema doble del lago edem",
de Federico García Lorca, durante encontro sobre o livro "poeta en nueva york", na reunião de março de 2009 do clube de leitura a Água e o vento. imagem de Lorca, "san sebastián", 1927).

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