1.22.2009
É noite.
Somos turistas
E não temos tempo.
Atrás do Morro das Pedras
Há cães raivosos,
Gatos ruivos,
Uivos de vento.
Somos turistas
E não temos tempo.
Estivadores estão paralisados no cais,
Os policiais de areia vigiam o oceano.
Estrelas vivas, medusas, aves de rapina.
Somos turistas
E não temos tempo.
Estátuas de pedra se lançam ao mar,
Os pescadores, como as garrafas,
Brilham na Lagoa.
Somos turistas
E não temos tempo.
O farol da Barra vomita luz na noite.
Prateados,
Yatches partem o trapiche,
Em dois.
Somos turistas
E não temos tempo.
Nativos brotam no Campeche,
Vivem da solidão do príncipe,
Para depois afogarem-se na pequena vista.
Somos turistas
E não temos tempo.
O Rio Vermelho
Chora do outro lado,
Enroscado nas pernas coxas
Das mulheres ribeirinhas.
Somos turistas
E não temos tempo.
'Amanhã veremos as escamas,
As estrelas brancas nas tarrafas,
A areia do último verão?'
Não temos tempo,
Não temos tempo.
Somos turistas.
.: marcio markendorf e oberdan piantino,
da série florianopolitanas,
imagem de: ando hiroshige, "okazaki", 1834.
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2 comentários:
a escrita desse poemeto mostrou-se um aprendizado poético: o márcio tinha as imagens já rascunhadas, eu cheguei trazendo propostas de ritmo e declamação. Juntos fizemos música.
escrever não precisa ser um ato solitário, ainda que feito por escritores invisíveis.
Agora como turista tenho tempo pra ver a vista. Triste isso! =(
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