4.09.2010

wertherianas



desejo me perder no rio de lágrimas maculadas, porém leva-me contrariado a onda do mar puramente raivoso. reclamo, argumento, mas a onda me arrasta com mais força. aonde senão aos caprichos da praia? à correnteza? não, ao amor.
vai me levando consigo, entra em minhas narinas sem pudor. como na primeira noite, na primeira manhã, no agouro do último dia. abre feridas de vínculo na pele sensível, quebra, rasga, molda. não sei se bóio ou afundo, mas sinto dentro de mim algo se remexer como um filho. é a água? não, é a fusão.
o que sou agora além da gota a que o mar reduziu-me? nefasta imensidão, nefasta charlotte, nefasto horizonte, que me arrebata na solidão e depois me entrega, porque não precisa mais de mim: seus verdadeiros amores do branco retornam.

.:gabriel resende santos
imagem: a grande onda de kanagawa, katsushika hokusai

Um comentário:

Anônimo disse...

genial.